Fique a saber o que deve ter num kit de emergência para garantir 72 horas de autonomia em caso de crise ou apagão. Lista completa e recomendações oficiais.
Num contexto de fenómenos extremos e falhas energéticas cada vez mais frequentes, estar preparado deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade.
A União Europeia e as autoridades portuguesas recomendam que cada pessoa disponha de um kit de emergência capaz de assegurar a sobrevivência e o conforto básico durante, pelo menos, 72 horas.
Mais do que uma medida preventiva, trata-se de um plano de autonomia temporária, fundamental em situações em que os serviços essenciais, como eletricidade, abastecimento de água ou comunicações, fiquem comprometidos.

O que deve conter um kit de emergência
De acordo com as orientações da Cruz Vermelha Portuguesa, da ANEPC (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil) e da Comissão Europeia, o kit de emergência deve incluir os seguintes itens essenciais:
- Água potável: entre 3 e 4 litros por pessoa por dia, durante 3 a 5 dias, para consumo e higiene.
- Alimentos de longa duração: conservas, barras energéticas, frutos secos e bolachas, alimentos que dispensam refrigeração e preparação.
- Medicamentos e primeiros socorros: um estojo completo com medicamentos de uso diário, desinfetante, pensos rápidos, termómetro, luvas e máscaras.
- Iluminação e comunicação: lanterna recarregável ou a pilhas, rádio portátil a pilhas ou de manivela, e pilhas de reserva.
- Energia: power bank carregado e cabos para dispositivos móveis.
- Dinheiro físico: notas e moedas, úteis caso os sistemas eletrónicos falhem.
- Utensílios diversos: canivete suíço, isqueiro ou fósforos, velas, apito de sinalização e pequenos utensílios de cozinha.
- Higiene pessoal: sabão, toalhetes, papel higiénico, escova e pasta de dentes.
- Documentos e contactos: cópias de documentos de identificação, lista de contactos de emergência e mapa da área de residência.
- Vestuário e abrigo: roupa quente, cobertores térmicos e muda de roupa adequada à estação.
- Itens para necessidades especiais: fraldas, leite em pó ou medicamentos específicos.
Por que motivo o kit é tão importante
A Estratégia Europeia de Preparação para Emergências salienta que cada lar deve dispor de um conjunto básico de recursos que garanta autossuficiência por 72 horas. Este período é considerado o tempo médio necessário para que os serviços de emergência consigam responder em larga escala após uma crise.
Além de proteger fisicamente, o kit ajuda a manter a calma e a estabilidade emocional em momentos de incerteza, reduzindo o impacto psicológico e evitando o pânico. Também contribui para aliviar a pressão sobre as equipas de socorro, que podem demorar a chegar às zonas mais afetadas.
Em Portugal, a ANEPC e a Cruz Vermelha têm reforçado esta mensagem, especialmente após o apagão generalizado que afetou a Península Ibérica, demonstrando que mesmo países tecnologicamente avançados não estão imunes a falhas súbitas.

Que tipo de crises quer a União Europeia prevenir?
A criação dos kits de emergência insere-se numa estratégia mais ampla de resiliência civil. A União Europeia pretende que os cidadãos estejam prontos para reagir a vários tipos de crises, naturais, tecnológicas ou geopolíticas, que podem ocorrer de forma inesperada.
Entre os principais cenários de risco identificados estão:
- Catástrofes naturais: inundações, incêndios florestais, terramotos e tempestades extremas;
- Acidentes causados pelo ser humano: falhas técnicas, acidentes industriais e pandemias;
- Ameaças híbridas: ciberataques, campanhas de desinformação e sabotagem de infraestruturas críticas;
- Crises geopolíticas: conflitos armados ou agressões externas aos Estados-membros.
Estes riscos não são teóricos, têm vindo a tornar-se cada vez mais reais. As alterações climáticas agravam fenómenos extremos, a guerra na Ucrânia reacendeu receios de instabilidade e os ciberataques a hospitais e redes energéticas já são uma ameaça concreta.
Perante este cenário, a União Europeia quer garantir que, se algo acontecer, a população não seja apanhada desprevenida.
Ter um kit de emergência não significa esperar o pior, mas sim estar preparado para reagir com calma e eficiência. Preparar é, acima de tudo, uma forma de proteger.
O que recomendam as autoridades portuguesas
As entidades nacionais aconselham que cada família prepare um kit personalizado, adaptado à sua composição e necessidades específicas. Entre as recomendações adicionais destacam-se:
- Guardar o kit num local de fácil acesso e visível para todos os membros do agregado familiar.
- Verificar o estado dos alimentos e pilhas regularmente, substituindo o que estiver fora de prazo.
- Incluir um pequeno mapa da zona de residência e uma lista de contactos úteis, como bombeiros, polícia e hospitais.
- Rever o kit a cada seis meses, especialmente antes de épocas de maior risco (como o verão, no caso de incêndios, ou o inverno, em caso de tempestades).
