O setor digital dispara o seu consumo elétrico e as suas emissões ao ritmo do crescimento das plataformas sociais. Especialistas do setor apontam que a solução passa por um uso mais consciente que limite o tráfego desnecessário, prolongue a vida útil dos dispositivos e melhore a gestão do armazenamento.

O uso massivo das redes sociais deixou de ser uma questão puramente cultural ou tecnológica para se tornar também uma questão energética. De acordo com um relatório do Parlamento do Reino Unido, o setor digital (que engloba infraestruturas de redes sociais, centros de dados, redes de transmissão e dispositivos de utilizador) consome entre 4% e 6% da eletricidade global e gera aproximadamente entre 2% e 3% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa.

A esta fotografia acrescenta-se a perspetiva corporativa aportada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em 2024, 164 grandes empresas digitais declararam um consumo elétrico de 581 TWh, equivalente a 2,1% do consumo global, enquanto as suas emissões diretas representaram 0,8% das emissões energéticas mundiais. Trata-se de números comunicados pelas próprias empresas e que contribuem para dimensionar o peso energético do ecossistema digital.

Para além das percentagens, as organizações do setor lembram que o impacto é difícil de perceber para o utilizador comum. A cooperativa de telecomunicações Somos Conexión sublinha que cada ação numa plataforma social (publicar, reproduzir um vídeo ou reagir a um conteúdo) implica consumo de energia, ao ativar processos de armazenamento em servidores, transmissão por redes e funcionamento dos dispositivos. O uso diário das redes sociais acarreta um custo energético distribuído entre centros de dados, redes e terminais, embora seja pouco visível para o utilizador.

O aumento do tráfego associado a plataformas como Instagram, TikTok ou YouTube multiplica as necessidades de processamento e transporte de dados. A pegada ambiental não provém apenas do uso diário, mas também da extração de matérias-primas para fabricar dispositivos, da sua produção e transporte, e da operação e refrigeração dos centros de dados. Em conjunto, o ciclo de vida dos equipamentos e da infraestrutura explica uma parte relevante do impacto.

Do ponto de vista da gestão, o desafio não se coloca em termos de renúncia, mas de eficiência. As recomendações passam por reduzir o «streaming» desnecessário, ajustar a qualidade de reprodução à necessidade real, prolongar a vida útil dos dispositivos e otimizar o que é guardado e por quanto tempo na nuvem. Estas medidas apontam para um consumo digital mais responsável, com efeito direto sobre a utilização de recursos energéticos.

O plano social também faz parte do debate. Promover um uso mais equilibrado da tecnologia contribui para diminuir as emissões associadas ao tráfego de dados e, ao mesmo tempo, favorece hábitos de vida mais saudáveis, de acordo com as mesmas fontes. A reflexão sobre o tempo conectado é apresentada como um elemento adicional de sustentabilidade, juntamente com a eficiência técnica.

Em última análise, o objetivo proposto para o conjunto do ecossistema é claro. Integrar as redes sociais num ambiente digital que priorize a eficiência energética, a transparência e a responsabilidade ambiental surge como condição para compatibilizar a expansão digital com a saúde do planeta.

By VO